Autor: Pierre Claver Houenagnon Kpehoun (Currículo Lattes)
Resumo
O crescimento da Economia Compartilhada (EC) tem criado uma demanda constante de participantes, sejam eles usuários ou provedores. Entretanto, poucos estudos têm se dedicado a estudar o lado do provedor no que tange aos fatores que influenciam a sua participação na EC. Desta forma, objetivou-se nesta pesquisa analisar os fatores que influenciam a participação dos provedores na economia compartilhada no Brasil. Primeiramente, realizou-se uma Revisão Sistemática da Literatura, de modo a ampliar o conhecimento sobre a produção científica desenvolvida acerca da participação dos provedores na economia compartilhada. O estudo obteve um portfólio bibliográfico composto por 139 artigos, dos quais 28 trataram especificamente dos motivadores da participação dos provedores na economia compartilhada e constatou-se um crescimento constante no número de artigos publicados sobre o tema estudado nos últimos anos, especialmente após 2017, destacando-se a empresa Airbnb como a mais estudada. Com relação aos diferentes motivadores da participação dos provedores na economia compartilhada, seis categorias foram identificadas, sendo elas: a financeira, a social, a ambiental, a hedônica, a utilitária e individual. Em seguida, realizou-se uma pesquisa survey com 419 participantes, onde elaborou-se um modelo conceitual com os construtos identificados na literatura, tais como empowerment, benefícios econômicos, interação social, motivação utilitária, motivação hedônica, sustentabilidade, mais a atitude e a intenção de continuar atuando na Economia Compartilhada, o que permitiu a elaboração de 13 hipóteses testadas na etapa empírica da pesquisa. Como resultados, observou-se que a motivação utilitária, os benefícios econômicos, a sustentabilidade e a motivação hedônica exercem uma influência significativa na atitude dos provedores em participar da Economia Compartilhada, enquanto a intenção de continuar participando é influenciada apenas pela motivação hedônica e pela atitude dos provedores. A motivação hedônica se mostrou o principal preditor da atitude e da continuidade do provedor na Economia Compartilhada. Identificou-se, ainda, diferenças de percepção entre os provedores que atuam em diferentes plataformas: os anfitriões de Airbnb apresentam uma percepção mais positiva sobre o aplicativo, o que não foi observado com os motoristas de aplicativos de transporte urbano, como Uber e 99; de forma similar, os motoristas de transporte intercidades, como Blablacar, percebem de forma apenas moderada a satisfação com o uso do aplicativo; quanto à sustentabilidade, embora exerça uma influência positiva na atitude, é percebida de forma moderada pelos provedores da economia compartilhada, tanto nas plataformas de hospedagem, quanto de transporte. O presente estudo se diferencia dos demais por estudar diferentes plataformas de Economia Compartilhada atuando no Brasil, identificando os fatores que influenciam a participação dos provedores nessas plataformas, assim como suas percepções sobre os aplicativos de Economia Compartilhada.